
Adeus ano velho. É hora de construir o presente!
Ok, eu me apego a roupas e sapatos… não vou negar. Sou vaidosa e criativa, por isso gosto de coisas e espaços. Gosto de lugares e fotos. Da minha casa. Tenho coisas que guardo há vinte anos no armário, pelas quais tenho verdadeiro afeto. Porque me lembram situações importantes da minha vida, boas ou ruins. Como troféus. Tenho uma camisa que comprei em 2001, quando morei nos Estados Unidos, que não consigo me desfazer! Bom, de uma forma geral, tenho alguns apegos sim. Mas mais a momentos e pessoas. Mais a histórias. Traduzidas nessas “coisas” que mantenho comigo na minha jornada. Que cada um tem as suas.
Por isso, não tem final de ano para mim que seja feito só de alegria. Fico triste em desgarrar de momentos felizes que passam. Já lamento perdê-los. Os de 2018. Mesmo este ano, tão exigente.
Hora de renovação
Amo o Natal. Sempre senti renovação neste período, desde criança. Como se a vida estivesse me dando uma segunda chance a cada 24 de dezembro. Como se ela me entregasse uma caixa velha, com uma chave, e nela eu tivesse a oportunidade de, nesta data mágica, colocar todas as dores, todos os momentos dos quais não me orgulhei de mim, todos os erros, e ali os chaveasse. E depois, colocasse a chave fora. Já era.
Naquele momento faria uma limpeza espiritual, tirando todos os ressentimentos, os sentimentos e momentos baixos, os encaixotando para sempre. E assim, fazendo espaço para o tanto de emoções boas que se renovam e me invadem no Natal. É quando só sobra o que emociona.
O resto, eu confesso. Perdoo. Entrego para a caixa. Subscrevo. Pois não sou de guardar nada ruim, mesmo, e sugiro que olhe para esta atitude com carinho. Pois não vale perseverar no que tira ou baixa a nossa energia. Pois são necessárias boas energias para manter nosso corpo de pé e são. Então, costumo deixar o Natal lavar a alma e levar aqueles sacos de lixo velhos e pretos, que só ocupam espaço, embora. Fazendo uma faxina emocional. Li também que ser grato pelo que temos e pelo que nos acontece, sejam coisas boas ou ruins, promovendo assim mudanças, faz bem para a saúde e para o coração. O que faz todo o sentido para mim também.
A viagem agora é outra
Só que aí vem o dia 26 e só sobraram sentimentos bons. E aí, a sensação de se despedir desse pedaço de vida, do ano corrente, traz uma certa depressão. Um lamento. Pois encaramos a despedida do que já foi, do está feito, do que não tem volta. Para dar lugar a novos compromissos e desafios. Novos sonhos para serem buscados. Um monte de coisa que pode se tornar bacana se tiver o nosso investimento, presença, trabalho duro e atento. E que para ser, precisa deixar as sacolas de 2018 para trás. Trocar as malas. Refazê-las, pois a viagem é outra.
Se agarrar no que foi bom é a mais fácil e disponível bengala nos dias de tempestade, e o meu espírito consciente sabe disso. O passado a gente não muda. Está feito. E se foi bom, então ponto final. Aquela cena do filme da vida está garantida. E quem vive de histórias, como eu, adora lembranças. Por isso meu guarda roupas cheio. E por isso esse pontinho de tristeza no Ano Novo.
Porque para andar para frente, para crescer, é preciso deixar o que passou para trás. Nas lembranças. Para visitas leves, sem o peso de qualquer responsabilidade. Deixando esta brincar no ano virgem que chega. Neste que é uma grande massa de modelar, pronta para receber as minhas mãos, as suas. Com intenções claras, com determinação, dominando o cansaço com o qual saímos do último ano, no qual matamos muitos leões por dia, mas a muitos, alimentamos. Pois assim é a vida. Nem tudo a gente pode matar. E ficam muitas questões a administrar.
Novas oportunidades
Estamos frente a uma oportunidade de mudança, mais uma. A vivenciando como país, com a troca dos nossos governantes, e como pessoa, em uma era que exige maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Entre metas de trabalho e evoluções afetivas. Entre a criação de uma vida profissional conectada com o nosso ser, com os nossos valores e os nossos prazeres, e uma vida pessoal de paz de espírito, de perdão, de doação a quem amamos e a quem precisa.
Então, te convido a, junto comigo, se desafiar. Cada uma guarda no seu íntimo os seus apegos. Eu pego os meus e você os seus, e vamos juntos guarda-los em uma linda caixa fechada com um laço de fita leve. Como seda. Fácil de abrir, quando quisermos revisitar o passado gostoso. O ruim, colocamos na caixa velha do Natal, aquela milagrosa, presente de Deus, das chaves que desaparecem. Eles estão marcados na nossa alma e não precisam de visitas para serem lembrados… Já fizeram a sua parte no ensinamento de algo importante na nossa vida.
Mais um recomeço
Aí vamos usar este momento de ócio, ainda lento, de forma criativa. Com brainstormings. Que alimentem nossa construção do presente e do futuro. Que sejam bons com nós mesmos. Com o próximo, com os projetos que realmente fazem sentido para o nosso ser. Com amor pelo nosso corpo, pelo nosso espírito, pela nossa casa. Com festa. Com uma bela recepção para o que está por vir. Com gana de buscar o que é nosso, do nosso desejo mais profundo. Determinando metas que possam ser vividas e acompanhadas diariamente. Motivando cada dia nosso em 2019. Pois está aí mais uma chance dada pela vida. Mais um recomeço.
Há quem diga que o dia primeiro do ano é um dia normal, como qualquer outro. Com todo o respeito aos céticos, ele é a vida em novo ciclo. O calendário contando o tempo de novo, do dia um. Uma oportunidade simbólica de darmos um start em novos projetos, no que queremos ser. Buscando a nossa melhor versão na vida. A mais generosa com a gente mesma e com os nossos sonhos. O nosso porquê. Esse, capaz de nos mover para onde nem mesmo nós imaginamos ser capazes. E não há nada mais otimista nem mais justo. Ninguém merece mais.
O faço com vocês, daqui da minha cadeira. Pois juntos, é mais fácil. Um feliz 2019.
Juliana Silveira é co-founder da Dtail Gestão de Conteúdo e criadora do blog New Families, onde escreve semanalmente com um olhar de sensibilidade única sobre o recomeço da família após o divórcio. É também autora do livro Divórcio: A Construção da Felicidade no Depois.